Caracterização da fibra de Algodão:
O algodão é uma fibra natural de origem vegetal, proveniente de sementes, como se pode ver na tabela 1.
Caracterização das fibras naturais
Fibras Naturais | Animais | Lã e pêlos finos | Angorá |
Cashemira |
Coelho |
Lã de Ovelha |
Mohair |
Pêlos grossos | Cabra |
Seda | Seda Cultivada |
Seda Silvestre |
Minerais | Amianto (asbesto) | Crisotila |
Crocidolita |
Vegetais | De Caules | Cânhamo |
Juta |
Linho |
Malva |
Ramí |
De Folhas | Caruá |
Sisal |
Tucum |
De Frutos e Sementes | Algodão |
Côco |
Tabela 1: Caracterização das fibras naturais
O algodão ocupa na actualidade, uma posição privilegiada, comparativamente com as outras fibras têxteis, continuando a ter um consumo bastante elevado, tanto em vestuário, como em outro tipo de artigos, com ela fabricados.
Os maiores rivais do algodão são as fibras artificiais, cujo, consumo a nível mundial tem sofrido um aumento bastante acentuado, sendo natural que continue a aumentar, em consequência do reduzido preço e da multiplicidade das suas aplicações, que as fazem evidenciar.
A fibra de algodão continua a ser a fibra têxtil por excelência devido à sua grande versatilidade e variedade de aplicações. É por isso de grande importância, o conhecimento dos constituintes do algodão, quer do ponto de vista qualitativo quer do quantitativo, uma vez que determinados componentes influenciam, de uma forma directa, os resultados das operações de ultimação têxtil.
Sendo o algodão uma fibra natural é compreensível que algumas das suas características sejam largamente afectadas por factores naturais, como é o caso, por exemplo, do clima que é variável mesmo dentro do mesmo país, do solo, exposição solar, uso ( de uma forma mais ou menos generalizada) de pesticidas e fertilizantes, o que traz variações de propriedades e características dentro do mesmo lote, fardo, planta e até semente.
O algodão deve a situação privilegiada, em que se encontra , à circunstância de possuir, propriedades excepcionais de resistência, de duração e de isolamento térmico, aliados a um preço que suporta a concorrência das restantes fibras artificiais e sintéticas.
A expansão e aperfeiçoamento do seu cultivo, que se tem notado um pouco por toda a parte (onde as condições de clima são favoráveis), permitem obter produções tão elevadas, que tornam possível colher o algodão, não só na quantidade necessária, mas por um preço relativamente baixo, sendo por isso viável a fabricação de artigos de uso corrente.
No fundo o que se pretende, é o aprofundamento do conhecimento da fibra de algodão, para que possamos desfrutar ao máximo da sua utilização.
Morfologia da fibra de Algodão
O algodoeiro é uma planta fundamentalmente perene ou vivaz, conservando-se, por isso, no mesmo terreno, durante anos.
O crescimento das fibras de algodão dá-se, não só em comprimento (primeira fase), como em largura (segunda fase). O comprimento das fibras é muito variável, de acordo com a origem, o ano de produção, etc. O valor médio do comprimento do algodão é de 2 a 4 cm.
Algumas espécies de fibras e seu comprimento:
Algodão da Índia – fibra curta (1,9 cm)
Algodão americano – Fibra média (2,5 a 2,8 cm)
Algodão do Egipto – fibra longa (2,8 a 4 cm)
Algodão do Perú – fibra longa (2,8 a 4 cm)
Numa fibra de algodão pode-se destinguir diferentes camadas na sua estrutura, que são:
- Cutícula: é a camada mais externa das fibras, muito fina e formada por ceras e gomas. É uma camada que convém destruir na primeira fase de ultimação têxtil, de modo a tornar o algodão hidrófilo.
-Camada primária: é a primeira camada de celulose, logo a seguir à cutícula. É uma camada fina que contém, além de celulose, algumas impurezas, como gorduras e gomas.
-Camada secundária: é a camada mais espessa sendo formada por várias subcamadas celulósicas sobrepostas. Esta camada constituí cerca de 90 % do peso da fibra. É também a responsável pela resistência mecânica das fibras, apresentando elevada cristalinidade.
-Lúmen: é a parte mais intensa da fibra, apresentando-se sob a forma de um canal central. O lúmen desempenha um papel muito importante no crescimento da fibra, pois é constituído por restos do protoplasma da célula que deu origem á fibra, por este motivo, contém substâncias proteicas, sais minerais e corante (dá a cor creme ao algodão crú).
Após o rebentamento da cápsula, o lúmen seca, sendo a forma da secção da fibra madura diferente da forma da secção da fibra imatura.
Esquematicamente, pode representar-se a fibra de algodão, da seguinte forma:
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Estrutura da fibra de algodão
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O algodão apresenta a seguinte constituição química:
- Celulose 94%
- Proteínas 1,3%
- Ceras 0,6%
- Péctinas 0,9%
- Sais minerais (cinza) 1,2%
- Ácidos Orgânicos 0,8%
- Açucares 0,3%
- Corantes e Outros 0,9%
Características do Algodão
Após a abertura da cápsula, as fibras, que até então eram cilíndricas, cheias de protoplasma e estavam aderentes e dobradas entre si, sem resistência, nem elasticidade, principiam a seca pela evaporação da grande quantidade de água que contêm, passando a ficar vazio o seu interior, o que dá lugar a que as suas paredes enrijeçam, se contraiam e encostem entre si. A fibra fica, portanto, depois de madura ou seca, como um tubo vazio, flexível, com as suas paredes unidas, formando uma espécie de fita.
Na altura em que o protoplasma se contraiu e secou, pela acção do ar e do sol, as paredes adquirem consistência e elasticidade, as fibras enrolam-se sobre si, de encontro umas às outras, saltando para fora das cápsulas logo que estas se abrem, por se poderem expandir livremente, constituindo então, os lóculos salientes, tão característicos do algodão maduro.
As fibras enrolam-se ou torcem-se em volutas sinuosas, constituindo as chamadas convulções, aparecendo umas curvaturas num sentido e outras, noutro, tal qual como sucede com um tubo de borracha flexível, quando se esvazia. Estas torções ou volutas, são motivadas por se taparem, com a secagem, as pequenas perfurações ou cavidades obliquas que existem nas paredes das fibras, o que dá lugar a um engelhamento nesses pontos, que causam as curvaturas.
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As convulções do algodão. |
As fibras que morreram ou secaram, prematuramente por qualquer razão, e que normalmente são conhecidas por fibras imaturas ou mortas, apresentam-se lisas, sem ondulações ou sinuosidade e falhas de resistência, em virtude de terem secado antes que se completasse a formação das suas paredes.
Estas ondulações ou volutas têm grande importância na fiação, porque facilitam o trabalho de estiragem e torção, devido à tendência natural que as fibras possuem para se entrelaçar e aderirem entre si, o que contribui para aumentar a resistência do fio.
Nem todas as células exteriores do tegumento das sementes dão origem a fibras compridas, havendo algumas que não se diferenciam e outras que formam as fibras curtas ou fibrilhas. Esta faculdade das células e o comprimento das fibras, dependem das características hereditárias das respectivas células e das variedades.
Quando o algodão é comprado ao agricultor, normalmente, não se tomam em linha de conta as suas numerosas características ou particularidades, sendo somente apreciada, grosseiramente a sua qualidade para fixação do valor. Aquelas só vêm a interessar mais tarde ao comerciante ou importador, que faz a distribuição ou a entrega do algodão às fábricas, segundo as preferências de qualidade que cada um tem, em relação ao género de fabrico em que está especializada, ou que naquele momento lhe interessa para determinado fim.
Por isso, o importador, quando recebe uma determinada remessa de algodão, reclassifica-a e agrupa-a em lotes conforme os requisitos e particularidades da fibra, para depois os oferecer, por meio de amostras, aos industriais. Estes, sabendo quais são as suas necessidades e os tipos de fibra mais apropriados aos seus produtos e encomendas, escolhem, através das amostras, o lote que mais se adapta aos seus fins. Estas características, embora interessem sobretudo ao comerciante e ao industrial, que precisam de as conhecer para poderem distinguir e escolher os algodões de que necessitam, não devem ser ignoradas pelos agricultores.
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