Produtos de Carga, Amaciadores e Resinas

Produtos de Carga:

Acabamentos Produtos de Carga

        Trata-se de produtos que se destinam a aumentar o peso e corpo dos tecidos, tornando-os mais rígidos.

        Para este fim, podem ser utilizados diversos produtos, entre os quais salientamos o amido e seus derivados, os derivados celulósicos e as resinas, tanto termoplásticas como termo endu­reciveis, de que falaremos adiante. Dentre os diversos produtos, apenas estas últimas resinas apresentam uma solidez aceitável à lavagem.

Amaciadores:

        O algodão cru contém amaciadores naturais (ceras e gorduras na cutícula e camada primária), mas esses produtos têm de ser eliminados na primeira fase da ultimação têxtil, pois tornam o algodão hidrófobo. Por outro lado, o acabamento com resinas apresenta o inconveniente de piorar o toque dos tecidos. Assim, em qualquer receita do acabamento, é praticamente obrigatória a inclusão dum produto amaciador, pois um toque agradável é uru dos principais atractivos para o comprador.

        A grande maioria dos produtos de amaciamento apresentam características análogas a um detergente: uma longa cadeia alifática e uma parte hidrófila. A sua classificação é normalmente baseada nas características da parte hidrófila. Temos assim amaciadores: não iónicos, aniónicos, catíónicos, anfotéricos e reactivos. Estes últimos são aqueles que apresentam melhor solidez a Lavagem, dado que se fixam quimicamente às fibras.

        Devido ao carácter iónico de grande parte dos produtos de amaciaiuento, convém ter cuidado com possíveis incompatibilidades com outros produtos. O caso mais frequente são os amaciadores catiónicos, incompatíveis com produtos aniónicos, e que causam frequentemente o amarelecimento dos brancos ópticos. Convém notar também que a presença de amaciadores sobre o tecido favorece a formação de borboto (“pilling”) e aumenta o perigo de amarelecimento dos tecidos aquando da passagem a ferro.

        A maior parte dos amaciadores diminui a hidrofilidade do tecido, o que pode ser um grave inconveniente (caso das toalhas que não limpam). Por outro lado, a solidez à lavagem é sempre mais ou menos limitada, podendo a própria dona de casa proceder ao amaciamento por introdução destes produtos na última água de enxaguamento.

Resinas TermoPlásticas

Resinas Termo Plásticas 

        Estas resinas são polímeros, obtidos normalmente por polia­dição, que, como o nome indica, amolecem sob acção do calor. Depositam-se sobre as fibras têxteis e apresentam uma certa solidez à lavagem mas não aos solventes orgãnicos. Podem ser solúveis ou insolúveis na água.

        As resinas termoplásticas insolúveis são as mais utilizadas nos acabamentos têxteis. Aplicam-se sob a forma de dispersões aquosas, dispersões essas que contêm, para além do polímero, agentes emulsionantes e plastificantes. As principais aplicações são os acabamentos de carga (aumento do corpo e do peso dos tecidos), para diminuir o amarelecimento por exposição à luz, para aumentar a resistência de fios e tecidos, para revestimentos, etc., mas em qualquer caso sem grandes exigências de solidez à lavagem e à limpeza a seco.

        As principais resinas termoplásticas são à base de: policio-reto de viniio, poliacetato de vinho, poliesteres acrílicos, poliesti­reno, polietileno, poliamida, etc. 

        As resinas termoplásticas solúveis são mais utilizadas como produtos de encolagem, como espessantes de estamparia ou por vezes como acabamento de carga. Aplicadas simultaneamente com uma resina termoendurecíveis, conduzem a uma diminuição do efeito de perda de resistência à tracção e à abrasão normal nos acabamentos por reticulação. Dentro deste grupo, podemos referir o álcool polivinílico e o ácido poliacrílico.

Resinas Termoendurecíveis

Acabamentos Resinas Termoendurecíveis
         As resinas termoendurecíveis fazem hoje em dia quase obri­gatoriamente parte do banho de acabamento dos tecidos con­tendo algodão ou viscose. Como o nome indica, trata-se de subs­tâncias que, sob a acção do calor, polimerizam e além disso reagem com a celulose. Podemos designar duma forma genérica por “acabamento por reticulação”, englobando os seguintes efeitos:
- Acabamento anti-ruga ou desenrugável (no-iron, wash-and-wear);
- Acabamento plissado permanente (permanent-press);
- Acabamento anti-encolhimento.

        Os dois aspectos pretendidos - estabilidade dimensional e recuperação da ruga - são conseguidos graças não só à forma­ção dum polímero tridimensional no interior da fibra (sobretudo no interior das zonas amorfas) mas também devido à reacção com a celulose, formando-se pontes ou retículos.
        Para além dos efeitos de melhoramento do ângulo de recupe­ração da ruga (a seco e a molhado) e da estabilidade dimensio­nal, este tipo de acabamento apresenta os seguintes efeitos secundários:
        - Diminuição da resistência à tracção;
        - Diminuição da resistência à abrasão;
        - Grande sensibilidade do tecido ao tratamento com cloro;
        - Eventual alteração da tonalidade da cor;
        - Diminuição da solidez dos tintos e estampados, sobretudo no caso de corantes directos e reactivos, com excepção da solidez aos tratamentos a molhado (água, lavagem, suor, etc) que normalmente é melhorada;
        - Eventual amarelecimento dos tecidos;
        - Alteração do toque;
        - Libertação de formaldeído.

        A maior parte das resinas termoendurecíveis actualmente no mercado são à base de ureia e formaldeído (e incluímos neste grupo os chamados derivados de ureia cíclica) ou condensados de melamina e formaldeído. A descrição das características, van­tagens e inconvenientes que apresentam os diferentes produtos consta normalmente da literatura fornecida pelas casas que os comercializam.
        Para a aplicação destas resinas, é fundamental que o tecido tenha sofrido um tratamento prévio adequado, nomeadamente uma boa desencolagem, fervura (boa e uniforme hidrofilidade) e na medida do possível uma mercerização.

        As reacções da polimerização e reticulação da celulose só se efectuam duma forma apreciável na presença dum catalisador. Os catalisadores podem ir desde ácidos muito fortes (do tipo áci­dos de Lewis, etc) até ácidos fortes como o cloríd rico. A escolha do catalisador depende do grau de inchamento da fibra no momento da reticulação, ou seja, do processo de reticulação.

Processo de Fixação das Resinas:

Acabamentos Processo de Fixação das Resinas
O processo mais corrente de acabamento é o da reticulação em seco, procedendo-se a uma secagem após a impregnação seguida dum tratamento térmico a alta temperatura (120 a 2000C) - fase de condensação. Para este processo, utilizam-se os catalisadores mais fracos, que vão depois permanecer sobre o tecido, pois não é frequente, nem económico, proceder a uma lavagem após o acabamento. Consegue-se com este processo um bom melhoramento da recuperação da ruga, sobretudo em seco, mas as perdas de resistência à tracção e à abrasão podem ser apreciáveis.
A secagem e condensação podem ser efectuadas numa só máquina. Trata-se então do processo “flash”(de choque), frequentemente aplicado nas râmolas, mas que obriga a menor velocidade.
       A reticulação em húmido é efectuada procedendo a umas secagem parcial do tecido e deixando-o repousado, enrolado, durante varias horas. Os catalisadores a utilizar têm de ser mais fortes, o que obriga normalmente a uma lavagem. A melhoria do ângulo de recuperação da ruga em húmido (comportamento “wash­and-vvear), é maior do que na reticulação em seco e as perdas de resistência àtracção e abrasão são inferiores.
A reticulação em molhado é efectuada procedendo a um enrolamento do tecido logo após a impregnação seguida dum repouso de várias horas. São necessários para este processo catalisadores do tipo ácido forte, o que obriga a uma lavagem antes de proceder à secagem. As perdas de resistência à tracção e abrasão são mínimas e verifica-se urna melhoria do ângulo de recuperação da ruga a molhado mas não a seco.
Eis alguns ensaios simples que se devem efectuar para controlo de qualidade na produção e que podem obviar as irregularidades no acabamento:
-  verificação do grau de fixação da resina: com o auxílio duma mistura de corantes indicadora, pode verificar-se qual o grau e a uniformidade de fixação da resina;
-  verificação da uniformidade de temperatura na câmara de condensação: para que haja unia uniformidade de fixação
-  da resina em toda a largura do tecido, é fundamental que o funcionamento aerodinâmico da câmara de condensação (“hot-flue” ou râmola) seja perfeito de forma a não haver variações de temperatura;
-  controlo do pH do tecido: como para a condensação da resina é necessário uni meio ácido, o tecido não deve ter previamente um pH alcalino que iria neutralizar o efeito do catalisador.

Com o acabamento Permanent Press pretende-se que o artigo confeccionado tenha unia “memória de forma”, ou seja, que não haja na lavagem uma deformação das costuras e que os vincos desejáveis sejam permanentes. Para tal, pode proceder-se de três formas:
-  processo pré-curing: a condensação das resinas é feita, total ou parcialmente, na fase de acabamento, limitando-se o confeccionador a prensar os artigos; é o processo mais habitual na Europa;
- processo post-curing: aplica-se sobre o tecido um sistema resina/catalisador que só actua a alta temperatura. Na fase de acabamento, o tecido é apenas seco, procedendo-se à condensação de resina após confecção por introdução numa câmara a alta temperatura;
   - processo de aplicação do acabamento apenas na confecção: as peças confeccionadas são introduzidas numa câmara a alta temperatura onde vão ser insuflados vapores de produtos reticulantes. 

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