Tecelagem: Movimentos Fundamentais e Auxiliares / A Cala
Tecelagem: Movimentos Fundamentais e Auxiliares:
Tecidos são estruturas têxteis planas produzidas pelo cruzamento ortogonal de dois sistemas de tios: a teia, e a trama.
A Teia encontra-se posicionada na direcção do comprimento do tecido e a TRAMA na direcção da largura do tecido.
Fig. O tecido; 1- Teia; 2- Trama
O entrelaçamento da teia com a trama é feito no tear (onde o fio de tia se costuma designar simplesmente por fio e o fio de trama por passagem) sendo necessárias três OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS.
1— A FORMAÇÃO DA CALA que consista na separação dos fios da teia em duas folhas, formando um túnel conhecido por cala.
2—A INSERÇÃO DE TRAMA que consiste na passagem do fio de trama no interior da cala, ao longo da largura do tecido.
3—O BATIMENTO DO PENTE que consiste em empurrar a passagem inserido contra o tecido já formado, até um ponto designado por “frente do tecido’’.
Fig. Operações fundamentais
A — formação da cala B — inserção de trama C — batimento do pente
Estas funções primárias devem encontrar-se sincronizadas, de modo que as operações ocorram na sequência correcta, não interferindo umas com as outras.
Para se poder tecer de uma formo sistemática devem ainda considerar-se duas importantes OPERAÇÕES ADIOIONAIS.
4—O CONTROLO OU DESENROLAMENTO DA TEIA, que é efectuado por um mecanismo que desenrola a teia do órgão a velocidade e tensão constantes.
5—O CONTROLO OU ENROLAMENTO DO TECIDO que é efectuado por um mecanismo que retira o tecido da área de tecelagem a uma velocidade constante, a qual determinará a densidade (contextura) à trama do tecido.
Fig. Operações auxiliares
A — desenrolamento da teia
B —enrolamento do tecido
Tecelagem: A Formação da Cala
Um fio de trama introduzido quando o elemento de inserção passa através da cala formada peles fios de teia, Para que isso aconteça, em cada passagem, os fios de teia dividem-se em dois grupos ou folhos, um dos quais é levantado e o outro baixado.
Para se conseguir este movimento (formação da cala) todos os fios são passados por olhais existentes a meio de cada malha.
As malhos são formadas por arame torcido ou lâminas de aço, possuindo, além do olhal central onde passa o fio de teia, uma abertura em cada extremidade que permite que se movimentem livremente ao longo de barras existentes junto às partes superior e inferior do caixilho, como indicado na figura 1.4.
O caixilho é constituído por barras de metal ou de madeira com uma largura ligeiramente superior à da teia, geralmente, com alturas do 36 a 48 cm.
O conjunto formado pelo caixilho e pelas malhas é o LIÇO.
Os fios de teia são remetidos pelos diversos liços e no momento da inserção de uma passagem, um grupo de liços encontra-se em cima e o outro em baixo.
Fig. Liço e malhas.
1- malha
2- vareta.
3-caixilho
4-malha em lâmina
5-olhal
6-malha em arame torcido
A separação das folhas de Fios de teia efectuada pelo movimento dos liços forma um túnel conhecido por cala.
Tecelagem: Geometria da Cala
Para que os fios que formam a cala fiquem todos no mesmo plano, isto é, para que se obtenha uma CALA LIMPA, o levantamento individual dos liços deverá aumentar no sentido do órgão de teia.
Fig. 1.5 Geometria da cala
Assim se designarmos como 1.º liço o que se encontra mais próximo do órgão de teia, o seu deslocamento máximo vertical será determinado pela seguinte equação:
h≤2[b + (n – 1) p] × tg ¢ - a (mm)
2
onde
h—Amplitude de abertura de cala (altura da cala) (mm)
a— Comprimento do olhal da malha (mm)
b—Distância que vai da frente do tecido ao último liço (mm)
n— Número de liços
p— Espaçamento entre liços (passo) (mm)
¢— Ângulo da cala (º)
O ângulo de cala deverá ser o mais pequeno possível (de modo a deixar passa o elemento de inserção) para reduzir a amplitude de movimento dos liços e, consequentemente diminuir as deformações e quebras dos tios de teia.
A ALTURA DA CALA (h) é determinada em função das dimensões do elemento de inserção, devendo ter sempre a altura mínima que permita a inserção da trama sem rupturas de fios.
Em geral, a cala reduzida não pode ser usada com teias de baixa qualidade uma vez que os fios que formam as duas folhas podem não se separar completamente, o que resulta em quebras durante a inserção. Por outro lado, não deverão ser utilizados ângulos de cala muito grandes para teias de fios com pouca resistência (limite de 250).
Tecelagem: Tipos de Cala
Do ponto de vista tecnológico, podemos distinguir cinco tipos de cala:
1—Cala aberta
2—Cala irregular
3—Cala semiaberta
4— Cala simétrica
5— Cala assimétrica
Numa CALA ABERTA todos os fios estão perfeitamente alinhados aquando da abertura.
Este tipo de cala adequa-se a qualquer método de inserção, sendo particularmente vantajoso nos teares de jacto de água, uma vez que, dada a inexistência de um elemento guia da trama dentro da cala, são as próprias folhas de teia que desempenham essa função.
Se as folhas de teia estiverem perfeitamente alinhadas, o fio de trama deslocar-se-á ao longo da cala sem quaisquer interferências, evitando-se o perigo de ocorrência de emaranhamentos.
Fig. Cala aberta
Numa CALA IRREGULAR os fios de ambas as folhas de teia encontram-se escalonados, o que permite uma redução da amplitude de movimento nos primeiros liços. Deste modo é possível reduzir as tensões de teia e, consequentemente, diminuir a taxa de quebras.
Fig. Cala Irregular
Numa CALA SEMIABERTA só uma das folhas de teia, geralmente a inferior, se encontra perfeitamente alinhada.
É um tipo de cala usado geralmente em teares cujo elemento de inserção se desloca sobre a folha inferior (caso de teares de lançadeira e pinças rígidas) evitando-se assim desvios no percurso ou rupturas de fios.
Fig. Cala semi-aberta
Numa CALA SIMËTRICA o deslocamento ascendente e descendente dos liços é igual e, consequentemente, os ângulos de cala são iguais. Ë um tipo de cala que oferece vantagens do ponto de vista de distribuição uniforme de tensões em todos os fios da teia durante a inserção. No entanto, é geralmente preferível utilizar uma CALA ASSIMËTRICA (deslocamento dos liços diferente) uma vez que oferece maiores possibilidades de obtenção de efeitos nos tecidos através do batimento e menor probabilidade de ocorrência de defeitos.
Fig. 1-cala simétrica ¢1 = ¢2
2-cala assimétrica ¢1 > ¢2
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